Saturday, April 29, 2017

A Justiça do Juiz



A Justiça do Juiz                                                        
Vida de juiz não é fácil. Todos acham que eles ganham muito dinheiro – e é verdade – mas você já pensou nas decisões que eles têm de tomar? Mandar alguém para o corredor da morte ou para a prisão pelo resto da vida, por exemplo? Ainda bem que naquele dia, o juiz John Hurley da Flórida, não tinha uma dessas missões duras e desagradáveis e, talvez por isso mesmo, estivesse de bom humor. Precisava dar a sentença para Joseph Bray, um homem que havia maltratado sua esposa. Não foi tão mau assim. Você sabe, muitos casamentos, depois de algum tempo ficam difíceis. Joseph, com tanta coisa na cabeça, esqueceu-se do aniversário da esposa, a dona Sonja. Claro, se fosse só isto, por mais terrível  que possa parecer para uma mulher casada, eles não estariam na frente do juiz. Na verdade o Joseph ao ser interpelado pela companheira pelo motivo acima indicado, empurrou a vítima e, segundo ela –acho que não havia testemunhas – agarrou seu cabelo. Com um bom advogado,  Joseph poderia argumentar que, na verdade, aquilo fora um arrobo de paixão, e quanto ao esquecimento do aniversário... bem os advogados são muito bons nessas coisas, tenho certeza de que ele arrumaria uma bela desculpa. Provavelmente, o pobre marido – não que eu esteja tomando seu partido, pois acho feio empurrar mulher – digo pobre, pois acho que ele  era pobre mesmo, estava ali, sozinho, para se defender. Havia a possibilidade de o juiz ser um juiz machista e ajudá-lo na hora de proclamar a sentença. Pois bem, o simpático juiz - John – resolveu ser mais do que um juiz e ajudar a mulher e o casamento que, obviamente, não estava indo  muito bem. E, acreditem,  pronunciou uma das sentenças mais românticas que já vi. Para ser honesto, a única sentença romântica que já vi. O magistrado ordenou 
que o marido esquecido e violento escrevesse um cartão de “feliz aniversário”, comprasse flores e levasse a esposa para um jantar no “Red Lobster”. Isso mesmo, lagosta. Se fosse sentenciado a ir para um restaurante qualquer, o danado seria capaz de levar a esposa para um MacDonalds, o que poderia agravar a situação. E não é só isso, ainda ordenou que o dito cujo, acima referido, o esposo, a levasse para um jogo de boliche. É  ou não é romântico? Não acabou por aí. Ainda teriam de ir para um desses psicólogos que dão conselhos para casais. Feliz da Dona Sonja... Estou só preocupado com uma coisa. Acho que o honorável magistrado deveria também ter condenado o esposo a perder o jogo de boliche. Entregar o jogo mesmo... Você sabe, de repente ele resolve se vingar e dá uma “lavada” na mulher no jogo, a Sonja fica triste, chora, reclama... Ele fica furioso de novo e empurra a mulher outra vez... Começa tudo de novo. Você  sabe como são esses casais antigos... E daí o juiz o que faz? Haja dinheiro para tanto restaurante...


ooooooOOO0OOOooooo

A crônica acima não faz parte do livro abaixo

Essa vida da gente

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Thursday, April 27, 2017

Pensando na vida




Pensando na vida

O primeiro respiro. 
O primeiro choro. 
O primeiro sorriso. 
A primeira palavra. 
O primeiro amigo. 
A primeira lição. 
O primeiro beijo inocente. 
O primeiro segurar de mãos. 
O primeiro amor. 
A primeira paixão. 
O primeiro compromisso. 
O primeiro filho. 
O primeiro rompimento.
O meio da vida. 
O começo da maturidade. Da velhice, que vem rápida. 
O começo do fim. O fim que não se conhece.
Os últimos desejos. 
Os últimos lances. 
O último amor. 
O último suspiro.
O começo do nada.
Ou o começo de uma eternidade sem fim?

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Essa vida da gente

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Monday, April 24, 2017

O Cão Rebelde, uma fábula canina


O Cão Rebelde, uma fábula canina
(ou “Uma história de cães e lobos)


Não sei se é justo chamá-la de República dos Lobos, mas assim era seu nome. Digo isto porque a grande maioria da população era constituída de cães. Um fundamento sólido para tal topônimo é que  ambas as espécies têm uma origem comum. Melhor explicando, os simpáticos caninos se originaram de lobos. Talvez possamos ir direto ao ponto e explicar que, na verdade, os lobos é que mandavam e por isso escolheram o nome. Esse é sempre o argumento mais forte.
Os poucos lobos, todos no poder, eram abusivos e prepotentes. Procurar na história da república uma razão para tal era uma tarefa muito difícil. As origens e os meandros pelos quais passou a nação, eram confusos e cheio de contradições, o que torna a tarefa quase impossível. Assim, é difícil  apontar a razão do poder e da arrrogância dos lupinos. Já o comportamento dos cães era fácil de se explicar, era próprio de sua natureza, como indica o nome científico da espécie: “canis familiaris”.
Mas, bem ou mal, a terra dos lobos continuava sua marcha para a civilização. Eram até bem organizados, com regras e leis para tudo e para todos, especialmente para os caninos. Era praticamente impossível se encontrar um só item que não estivesse contido na “Cãostituição”. Não estranhe o nome, ele está certo. Neste setor, de leis a serem obedecidas, os lobos fizeram questão de que  a Carta Magna tivesse um nome parecido com o dos caninos. Uma questão de psicologia. Podia se inferir que as leis máximas eram para ser obedecidas especialmente pelos ditos cujos.
Ironicamente, assim como usamos a expressão “lobo em pele de cordeiro”, apareceu por lá um “cão com pele de lobo”.  Ele se achava com direitos. Sempre fora revoltado, mas acabava se conformando, pois era muito difícil reclamar uma vez que a “Cãostitução” previa penas horríveis para quem decidisse se rebelar. Ele aguentou de tudo, mas chegou uma época em que ele e seus colegas começaram a ficar com mais fome do que o normal.
Antes de entrar na fase épica desta fábula, é necessária uma explicação. Os lobos sabiam que podiam abusar à vontade de seus subalternos, exceto por um só aspecto. Não podia faltar comida. Isso não dava para aguentar. Por isso a Cãostituição previa um grande armazém que continha reservas para que os subalternos da república jamais precisassem passar por essa privação. Eles, os lobos, desde o  nascer de sua civilização, sabiam que isso não poderia acontecer, as consequências seriam desastrosas. O que estava ocorrendo, era que muitos lobos de escalões inferiores e até alguns de escalões mais altos, não contentes com sua própria ração – que já era bastante farta – começaram a surrupiar comida dos cães, ou seja, estavam invadindo o grande depósito. Tinham todo um esquema de troca de favores entre eles. Os guardas deixavam seus colegas lupinos entrarem nas dependências e se saciarem do alimento destinado aos caninos. Em troca lhes eram oferecidas lobas famintas de prazer, cuidadosamente escolhidas para tal. E a coisa toda estava funcionando bem. O Lobo Maior fazia de conta que não sabia de nada, pois entre os comilões estavam figuras importantes da república, tais como, juízes, legisladores e republicanos – assim chamados por pertencerem à República -  que conseguiam votos importantes para a perpétua reeleição do Lobo Maior e seus assessores.
O Cão Rebelde, de quem falamos há pouco, sabia que tinha chegado a sua hora. Os seus compatriotas nunca ligaram para suas reivindicações porque sabiam que tudo acabava dando em nada. Mas, comida faltando? Isso era uma questão de guerra. E o Cão Rebelde ficou famoso apenas alguns dias depois que lançou o manifesto “O Direito de Comer”. Era bem escrito, com as palavras certas. Tinha até expressões em Latim para impressionar a Suprema Corte dos Lobos.
Diante de uma causa tão nobre e tanta revolta popular, o Lobo Maior não teve outra  alternativa. Montou uma Comissão Lupina de Inquérito. O povo canino apoiou – pela primeira vez – um ato do governo. Três lobos ficaram encarregados de convocar outros dez de sua ala e um representante canino – que não fosse o Cão Rebelde – para fazer parte da comissão. Até fazia sentido, pois os integrantes teriam de ser neutros e ele certamente pendia para sua própria causa.
O tempo foi passando e a tal da comissão nunca se formava. Alguns convidados eram impugnados por um dos três lobos, outros ficavam doentes pouco antes da primeira reunião, enfim,  a coisa não ia para frente. Antes que o povo  desanimasse, o Cão Rebelde lançou um segundo manifesto falando que aquela demora era proposital e que o governo estava querendo se safar da acusação. Aliás, dizia ele na sua redação, os lobos gulosos continuam roubando nossa comida “neste exato momento em que lanço este manifesto”. Palavras certas, duras, incisivas. Era um momento político pesado. O Lobo Maior embora tivesse muito poder, estava consciente de que a quantidade de cachorros era muito grande e se eles conseguissem se unir, poderiam fazer um estrago. Foi aí que o grande líder anunciou: estava formando uma segunda comissão para apurar as irregularidades da primeira. O que estaria causando tanta demora na simples constituição de um grupo? E assim fez. Desta vez não houve muito júbilo. Estava clara a intenção de não resolver o problema. Por uma questão de ordem, o Cão Rebelde resolveu dar mais um tempo. Ninguém poderia acusá-lo de intransigente, de comunista, de badernista.
Um bom tempo se passou. A primeira comissão estava parada, pois precisava esperar a apuração da segunda comissão. Esta última ainda não tinha feito nada. Não conseguia reunir elementos suficientes para ser formada. A emenda foi pior que o soneto, sendo esse o soneto dos cães, é claro. O soneto dos lobos era uma obra magistral, oganizada e em perfeita sintonia.
Passou mais tempo ainda e a paciência do Cão Rebelde se esgotou. Com muita astúcia conseguiu o endereço onde estaria funcionando a comissão que investigava a primeira comissão. O local estava fechado. Com ajuda de alguns cães locais, ficou sabendo que o presidente passava de vez em quando por ali, para salvar as aparências. Ninguém poderia acusá-lo de não estar fazendo seu trabalho, que, era difícil e penoso. Afinal de contas, é uma responsabilidade e tanto fiscalizar quem deveria estar apurando, ou seja, a primeira comissão. O fato é que o encarregado nem sequer entrava no prédio. Ele apenas dava uma passada rápida na “Cantina do Lobo”, do outro lado da rua, comia muito bem com a verba destinada para esse fim, tomava uns dois copos de uísque, marcava a presença e pronto. Sempre tinha o cuidado de pedir para colocar “refrigerante” no recibo que levava para prestar contas. Não ficava bem beber em serviço e muito menos usar dinheiro público para tal.
Quando entrou na cantina para confrontar o mau lobo, o Cão rebelde imediatamente identificou seu suspeito e esse identificou o primeiro, uma vez que a essa altura ele já era uma figura pública. O rebelde pensou nas frases que iria falar para aquele safado, mas, quando chegou bem perto e viu aquele ser desprezível com o copo de uísque na mão, zombando dele, não aguentou, deu uma mordida feroz em sua jugular e saiu dali. O lobo foi socorrido e se salvou, apesar de ter beirado a morte. O Cão Rebelde foi preso minutos depois na “Via Lupa Maior” onde tentava se esconder.
Aquilo foi um presente para o Lobo Maior. Resolvia todos seus problemas. Os cães tinham perdido a razão porque seu líder tinha perdido a cabeça. Como punição decretou que uma parcela do depósito dos alimentos caninos fossem redirecionados, agora oficialmente, para os lobos famintos. Para surpresa dos cães, entretanto, não dissolveu nenhuma das duas comissões de inquérito. Deixou-as como instituições permanentes embora não precisassem mais funcionar de fato. Dobrou o sálario de seus componentes. Aliás, fique esclarecido que, depois da mordida do Cão Rebelde, as duas tiveram suas vagas paradoxalmente  preenchidas. O salário desses zelosos funcionários do sistema de justiça foram dobrados. O cargo do único canino do grupo foi extinto antes mesmo de ser preenchido. É verdade que continuaram recebendo a mesma coisa- o que não era pouco – pois os outros 50%, aqueles referentes ao aumento -  foram destinados a causas não especificadas, pois era uma questão de seguranca nacional.
O Cão Rebelde continua preso, sem julgamento, não se sabe em que prisão. Ele se sente muito só, ninguém o visita, nem mesmo seus fiéis amigos caninos. Não pode sequer pedir  “habeas-corpus”, pois os lobos não permitem que presos terroristas tenham repesentação legal. De nada adiantaria, de qualquer forma. A República dos Lobos não tem a menor ideia do que seja este instrumento legal. Nem está prevista na “Cãostituição”.

Assim termina a triste e curta saga do “Cão Rebelde”.

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Sunday, April 23, 2017

Navegando pelas palavras


Navegando pelas palavras

Pelas palavras eu navego, 
como navego pelas águas,
como navego pela vida.
Vou espantando minhas mágoas,
e curando as minhas feridas.
São, às vezes, águas calmas,
são, outras vezes, destemidas.
Olho às vezes para o fundo,
tão escuro, que dá medo,
de seus estranhos segredos...
Mas eu vejo também a graça, 
do azul e sutil céu eterno...
Navego, navego, navego,
no doce mar de braços ternos,
olhos abertos, às vezes, cego...
Não disse uma vez o poeta,
que navegar é bem preciso?
E assim vou, sábio e siso,
no mar de tão profundas águas,
meu corpo cansado, amansar,
no mar de doces palavras,
minha alma cansada, repousar...

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Friday, April 21, 2017

Tempus Fugit



Tempus Fugit

Nas diversas línguas há muitas expressões sobre o tempo. Dizem que ele voa, que passa rápido, e assim por diante. Nem estou falando deste vocábulo em outras áreas semânticas, como nas frases “fechar o tempo” ou “pedir um tempo”.
Entre todas as locuções que se conhecem sobre o assunto, entretanto, a mais forte – chega a dar arrepios – é a que Virgílio, poeta romano, usou pela primeira vez: “Tempus fugit”. Ela nos dá aquela sensação de vulnerabilidade, insegurança e, principalmente, impotência. É como a areia que escorre entre os dedos, como o vento que passa. O tempo foge... De nosso controle, de nossa vontade, de nosso poder.
O único consolo que resta é que ainda estamos aqui. Não estamos?

Obs.:

A expressão foi usada pela primeira vez nas “Geórgicas” do poeta romano Virgílio: Sed fugit interea fugit irreparabile tempus ("Mas ele foge: irreversivelmente o tempo foge").

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Monday, April 17, 2017

Acontece cada coisa nesse país!



Acontece cada coisa nesse país!

Harry Potter pegou o avião errado e foi parar em Guarulhos. Não sei se foi bruxaria ao avesso, ou sei lá o quê, o fato é que lá estava ele, perdidão, tentando pegar um táxi de volta para casa. O motorista, até que bem intencionado, achou que ele tinha olhos orientais e o levou para o Bairro da Liberdade. Lá desceu ele, todo confuso, olhando para aquelas mágicas lâmpadas japonesas penduradas nos postes, pensando que estava no Japão, por obra de seu inimigo, o terrível Lord Voldemort. Já que estava por ali, resolveu comer um sushi, pois a comida do avião estava péssima. Foi andando pelas ruas da Liberdade, até que se deparou com um restaurante típico. Assim que entrou, notou o Obama sentado em uma das mesas, comendo e rindo, com seus assessores. Não que a situação mundial não fosse grave, mas todo mundo precisa relaxar um pouquinho. Além disso, liberdade faz bem para todo mundo. O Harry ficou ainda mais atrapalhado. Talvez aquele bairro fosse o Chinatown, lá de São Francisco, o que explicaria a presença do importante mandatário. A essa altura ele já estava achando que nem ele era ele mesmo e por isso se olhou num dos espelhos da parede. Lá estava a cara do Bolsonaro. Não, não, aquele era a estampa do Feliciano. Só podia ser o seu maldito inimigo aprontando mais uma. Desmaiou e, quando acordou, lá estava seu criador, o tal de Rowling, tentando reanimá-lo. Onde se viu sair, sem autorização, do maravilhoso Império Britânico e se aventurar por um mundo como aquele, classificado como terceiro, e olha lá? Mas o que o tinha deixado zangado mesmo, era o que o rapaz tinha visto no espelho. Aquilo era magia negra, como podia ter se deixado encantar por seu inimigo?
Decidiu. Iria ser levado de volta para Londres. Antes, porém, tinha de aprender uma lição, aquele personagem desobediente. Teria de passar um mês inteiro na Favela da Rocinha, para ver o que era bom para a tosse. Não que estivesse com uma, mas você me entende, é claro. Um helicóptero da FAB, ajeitado por um amigo brasileiro do Rowling o levou para lá. Foi descido por uma corda, pois havia o medo de que atirassem no aparelho com o fim de derrubá-lo. Não se pode confiar nesses traficantes da favela.
Quando chegou a hora de levá-lo de volta, quem conseguia achar o Harry? Tinha sumido. Nem resgate pediram.
O autor, desesperado, agora está preocupado com sua galinha, no caso um galo, dos ovos de ouro. Está pensando até em convocar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar onde foi parar o rapaz. Não sei, não. Pelas conversas que ouvi, não adianta nada. CPI não funciona, parece até homeopatia. Só se você acreditar.

Também, que se dane. Quem manda se meter onde não é chamado? No fundo, porém, fiquei com dó dos dois. Mas só por causa dos demônios nos espelhos.

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Estranhas Histórias
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Thursday, April 6, 2017

A luz, as sombras, a vida




A luz, as sombras, a vida


O dia era tão fulgurante, tão cheio de brilho azul, que era impossível se descrever. Quis, então, que ele jamais terminasse. A despeito disso, na hora certa, com graça e jeito, veio a noite cheia de uma escuridão iluminada por uma lua destemida. As coisas eram e não eram. Havia uma paz tão grande e um silêncio tão cheio de suaves sons, que ele, de novo, quis que ela também nunca terminasse. Mas, de manhã, a negritude abalada pelo luar cedeu a uma manhã cheia de nuvens cinzas e chuva. Ele, então, voltou-se para seu próprio interior e ficou ensimesmado, dentro de sua casa. Mas foi bom. Aquele aconchego consigo mesmo aquietou sua alma. Veio mais uma noite, de chuva também. As gotas batiam nas vidraças e aquietavam seu espírito e aquilo foi muito bom. Quando parecia que a natureza não ia parar de chorar, uma estupenda manhã, cheia de sol e nuvens fofas de um branco quase insuspeito, se apresentou. E foi bom, muito bom, e ele quis que aquilo nunca terminasse.

Uma voz lá de dentro, no entanto, sussurrou. Explicou quase cantando, que a vida era assim. Uma interminável sequência de luz, sombras e cores. E ele viu que aquilo era bom, muito bom.

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Wednesday, April 5, 2017

O meu eu no espelho

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O meu eu no espelho

Olho no espelho transparente da alma
e vejo imagens perdidas de mim.
Sou eu sim, porém mal me reconheço,
elas me pedem ajuda, eu desconsidero.
Elas me olham, então com calma,
devolvem-me um olhar sem fim.
Mas acho que com elas não me pareço,
e sua arrogância não tolero.
Depois, penso, repenso e me assusto:
Será que no espelho o reflexo sou eu,
e eu mesmo, apenas um reflexo meu?

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Monday, April 3, 2017

A nova Torre de Babel





A nova Torre de Babel
(Afogando-se num oceano de palavras)

Segundo o site “Global Language Monitor”, quinze novas palavras aparecem a cada dia na Língua Inglesa. E nem estamos falando das versões erradas das palavras que já existem, das palavras novas em outras línguas e das palavras que “não pegam”.  Nem os dicionários conseguem mais acompanhar. É um verdadeiro universo, um novo cosmos linguístico.
Está certo que há muita novidade, muitas coisas novas para serem chamadas, denominadas. Mas, definitivamente, é um exagero. Além disso, quem consegue usá-las todas? Alguns não conseguem usar corretamente nem as poucas que conhecem. Outros, aproveitando-se da ignorância alheia, usam-nas com malícia , perversa intenção e em proveito próprio. Por isso, acho que está vindo uma nova Torre de Babel, apesar de toda tecnologia que temos. Ou, quem sabe, talvez nos afoguemos, sôfregos, nesse imenso oceano vocabular.



No. of Words

Number of Words in the English Language:  1,025,109.8 (January 1, 2014 estimate)



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